O Mito de Hefesto e a dor pungente do crescimento emocional. Sulphur. Homeopatia.

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por Rosemary Rezende - rrezendevet@hotmail.com
A abordagem da Complexidade proposta por Edgar Morin é subsídio importante para homeopatas que se conduzem na Jornada Humana de forma aberta ao diálogo, distanciando-se da "pretensão de encerramentos totalitários" e, desta forma, enriquecendo-se através da reflexão inter e transdisciplinar
Neste contexto, a Mitologia representa fonte ampla de profundos conhecimentos em cujas águas beberam brilhantes estudiosos da psique humana como Freud e Jung.
Para a Homeopatia, os sintomas psíquicos são considerados de elevada hierarquia para a compreensão dinâmica do processo de adoecimento individual




Hefesto personifica o deus, arquétipo e indivíduo, profundamente habilidoso, que por seu aspecto considerado repulsivo, não era valorizado no reino de Zeus - território em que o poder e a aparência eram os valores contemplados.




Rejeitado e expulso por sua própria mãe Hera, que o gerou por via partenogenética, Hefesto dedica- se à arte da Forja, representando também o fogo vulcânico (daí seu nome romano ser Vulcano), sendo adorado pelos seres humanos devido aos seus poderes para controlar a força destrutiva dos vulcões, além do uso do fogo para criar objetos úteis. Segundo Shinoda Bolen, Hefesto personifica a ânsia humana profunda de, mesmo sendo desvalorizado e rejeitado, ser capaz de criar objetos funcionais e belos. Hefesto simboliza o gênio criativo que concretiza suas obras de forma laborativa: é o único deus que trabalha.

Segundo Jung, os três principais elementos da Alquimia são Mercurius, Natrum muriaticum e Sulphur (representante proposto para o mito arquétipo de Hefesto- Vulcano).

Sulphur/ Enxofre- representa homeopaticamente um medicamento policresto.




Na Psora, sente-se rejeitado e desgraçado, desajeitado e sem atrativos. Busca superar este sentimento através do desenvolvimento de brilhantes criações artísticas, científicas, manuais e, sobretudo, filosóficas.





Afetivamente é carente, mas teme ser abandonado (o que pode acontecer com certa freqüência) - tendo dificuldades para estabelecer ligações profundas e duradouras.





No aspecto sombrio, Hefesto-Vulcano é identificado com o fogo subterrâneo, muito introvertido, desejando a todo custo ter seu valor reconhecido, podendo apresentar uma percepção distorcida da realidade.  Rancoroso, decide vingar-se daqueles que o rejeitam e pode apresentar ilusões de grandiosidade, alternando com a sensação de pouca dignidade, depressão e amargura. O fogo de Hefesto passa a ser capaz de machucar e destruir. Abandonado e depreciado, Sulphur também pode se tornar corrosivo, tendendo a sofrer de sintomas físicos e psíquicos de "ardor", "queimação" quando esta agressividade é auto-direcionada; e/ou pode machucar, "queimar" os demais, piorando seu relacionamento afetivo com o entorno. Na fuga do sofrimento psórico, pode caminhar em direção a delírios de grandiosidade e auto-elevação.





Quando a energia psíquica da cólera volta-se de forma aprofundada para dentro, a rejeição e falta de aceitação por parte dos demais (fonte de raiva e de pesar) a depressão se instala.





Indivíduos que vivenciam o mito de Hefesto podem caminhar para a dependência ao álcool. Sulphur sofrerá de depressão, tristeza sem causa aparente e poderá também caminhar para o Alcoolismo corrobora Ariovaldo Ribeiro Filho





Complementando o padrão de gênio criativo, habilidoso e trabalhador, existe o complexo de "Filho sem pai" (foi gerado partogeneticamente) e rejeitado pela mãe, determinando uma posição psicológica de solidão/ rejeição, alternando com uma imensa necessidade de reconhecimento social. Para agravar o quadro de rejeição, que culmina com sua expulsão do Olimpo, Hefesto foi traído pela deusa do amor e beleza, sua esposa Afrodite.





Segundo Junito Brandão, Hefesto atende à sabedoria de Atená, admirando suas estratégias bem sucedidas, segurança pessoal e espírito de luta-atributos que lhe faltam. A pedido desta, produz vários e finos objetos metálicos úteis às batalhas para proteção da deusa e de seus protegidos, como Aquiles para o qual produz uma couraça de bronze. Neste aspecto, Hefesto - artesão exercita-se na elaboração de instrumentos de luta e defesa no árduo, belicoso, injusto e hostil mundo dos homens e dos deuses. Shimoda Bolen define Hefesto como o criador ferido, arquétipo do profundo instinto de trabalho e de criação a partir da forja da alma, transformando a matéria bruta em objetos maravilhosos. Este é o trajeto a ser percorrido pelos indivíduos que apresentam patogenesia, homeopaticamente verificada semelhante a Sulphur.




 Inspirado em textos da Biblioteca do IHB de autoria de Autores: Antolini J. , Regina Rodrigues e outros