terça-feira, 29 de setembro de 2015

Dinamização, Mágica de Hahnemann

Escrito por Amarilys Cesar.

Imagem de Samuel Hahnemann


As mudanças que ocorrem em substâncias materiais, especialmente nas medicinais, através da trituração com pó não medicinal, ou quando dissolvida, através da agitação com um fluido não-medicinal, são tão incríveis, que aproximam-se de miraculosas, e é motivo de alegria que a descoberta destas mudanças pertença à Homeopatia."
Hahnemann, Doenças Crônicas


RESUMO
As dinamizações representam as soluções medicinais utilizadas pela terapêutica homeopática para tratamento dos pacientes. Mesmo fazendo parte da formação dos clínicos homeopatas, há muito desconhecimento a respeito das diferentes técnicas de preparo. Diferenças nas técnicas de dinamização, e nas de dispensação das soluções dinamizadas em veículos inertes, influem na quantidade de dinamização que o paciente recebe, possivelmente afetando sua reação clínica. O objetivo do texto é abordar diversos aspectos da dinamização, especialmente a diluição e a agitação, em suas várias escalas e métodos, com a finalidade de uma maior compreensão do processo, auxiliando os clínicos a atingir melhores resultados terapêuticos. Foram utilizadas análise de literatura histórica e atual, assim como nossa experiência na área farmacêutica homeopática. A discussão abordou diversos aspectos ainda pouco conhecidos, demonstrando a necessidade da realização de mais pesquisas, a serem realizadas através da união de homeopatas clínicos e farmacêuticos, assim como pesquisadores de várias áreas.
PALAVRAS-CHAVE
Homeopatia; dinamização; farmacotécnica homeopática; medicamento homeopático.
SUMMARY
Dynamizations are medicinal approaches by homeopathic therapeutics to treat patients. Although homeopaths are trained in these techniques, there is often insufficient knowledge about the different techniques available to prepare homoeopathic remedies. These techniques, such as the dosage of dynamized solutions in inert vehicles, influence the amount of dynamization the patient receives, possibly affecting his or her clinical reaction. The objective of this text is to review several aspects of dynamization, particularly dilution and agitation, using several scales and methods, with the aim of achieving a enhanced understanding of the process, and thereby helping clinicians to achieve better therapeutic results. An analysis of historic and current bibliography was used, as well as our experience in homeopathic pharmacy. The discussion involved several hitherto unknown areas, indicating a need for more research to be carried out with the participation of both clinical and pharmaceutical homeopaths, and researchers from different areas.
KEY WORDS
Homeopathy, dynamization, homeopathic pharmaco-technique, homeopathic medicine.


INTRODUÇÃO
Quando se pensa em medicamento homeopático, algumas idéias logo vem à nossa mente: uma é que eles são muito diluídos. Conhecendo um pouco mais, logo se diz que são "dinamizados". Mas qual é mesmo o significado disto? Como é feita a dinamização? Como são produzidos os medicamentos?
Chamamos de "dinamizar" ao conjunto das operações de diluir e agitar soluções. Este fundamento nos foi apresentado por Hahnemann, desenvolvido através de reflexões e também de maneira intuitiva, ao longo de sua vida, enquanto buscava formas para melhor aplicar a Lei da Semelhança no tratamento de doentes. Apesar de se tratar do procedimento fundamental no preparo de medicamentos homeopáticos, no contato com os profissionais clínicos, e portanto prescritores, percebe-se que há muito desconhecimento e dúvidas que podem gerar mal entendidos, expressos em receitas que nem sempre estão adequadas do ponto de vista farmacêutico. Uma vez que a receita é o documento que indica ao farmacêutico o medicamento escolhido pelo médico para tratar os pacientes, qualquer dúvida deve ser evitada, para que o tratamento homeopático evolua de maneira satisfatória. Assim sendo, ainda que este artigo trate de temas comumente abordados em aulas de formação homeopática para médicos, dentistas e veterinários, tem como objetivo divulgar e abordar diversos aspectos da dinamização, especialmente a diluição e a agitação, em suas várias escalas e métodos, com a finalidade de uma maior compreensão do processo, auxiliando os clínicos a obter melhores resultados terapêuticos.
DESENVOLVIMENTO
Freqüentemente encontramos a expressão "diluir e dinamizar" em diversas obras nacionais, e não "diluir e agitar". É verdade que ao agitarmos uma solução previamente diluída, estamos concluindo a dinamização. Daí, a palavra "dinamizar" sendo usada no lugar de "agitar", isto é, pelo resultado final da operação. Kayne lembra que dinamização é sinônimo de sucussão na França. Apesar de menos usado, o termo mais adequado seria "potencializar", uma vez que acredita-se que o processo aumente a ação homeopática (Kayne, 1997).
Porém importa mesmo é a caracterização de um novo processo, criado por Hahnemann. Pela primeira vez uma técnica que envolve uma intensa diminuição da quantidade da matéria, propõe que o resultado seja uma solução ativa, e segundo muitos autores, quanto mais diluída, mais potente. É certo que a própria palavra dinamizar envolve a raiz grega dynamis, que Hahnemann usou até mesmo em alemão, e significa "força, potência" (Hahnemann, 1995). O tradicional dicionário da língua portuguesa, Aurélio, em sua edição eletrônica, registra ainda a palavra dinamização como "segundo a homeopatia, liberação da energia terapêutica de um medicamento mediante diluição ou cominuição."
Uma vez que o produto das dinamizações é chamado de "potência", novamente aparece a idéia de que o aumento da atividade seja diretamente proporcional ao número de vezes que o duplo processo diluir-agitar é realizado. Analisando o receituário clínico podemos perceber que esta é a crença dos profissionais que prescrevem medicamentos homeopáticos: geralmente começam com potências mais baixas, que vão subindo nas próximas prescrições. Dados de pesquisa básica têm sugerido antes uma atividade que pode ser graficamente descrita como uma senóide (uma curva que sobe e desce, como uma tábua de marés), do que uma reta inclinada (que poderia ser traduzida por "quanto maior a potência, maior a atividade da solução"). Encontra-se entre homeopatas ainda a descrição de "potências que não funcionam", talvez confirmando a hipótese das pesquisas. Portanto, um dado interessante seria verificar, através de protocolos clínicos adequados, qual o comportamento da resposta clínica em função das dinamizações (Boiron, 1991; Bastide, 1997; Davenas et alii, 1988).
Considerando que há atividade clínica nas soluções dinamizadas que foram diluídas além mesmo do número de Avogrado, o primeiro fato a considerar é que estamos contrariando a lógica estabelecida pela farmacologia clássica (efeitos dose-dependentes), e que Hahnemann propôs isto a 200 anos atrás. Passado o primeiro susto, sobrevêm a vontade de conhecer mais detalhes sobre este efeito. Vamos verificar alguns dados sobre processos manuais e mecânicos para diluição e agitação, as variáveis que influenciam estes processos, assim como uma abordagem sobre os métodos utilizados para dinamizar, desde Hahnemann até os dias de hoje.
A DILUIÇÃO
Ao estudar a possibilidade de usar a Lei da Semelhança para tratar enfermos, Hahnemann logo percebeu a necessidade de usar pequenas quantidades das substâncias, já que elas próprias provocavam sintomas. Assim passou a diluí-las em uma proporção de 1 parte de substância ativa para cada 100 partes de diluente: havia criado as centesimais, hoje chamadas CHs, centesimais hahnemannianas. O pai da homeopatia cita o uso de água e álcool, ciente provavelmente da necessidade de conservação das soluções dinamizadas.
Winston explica que as potências eram designadas por "c", e que a letra maiúscula "C" não deveria ser usada, uma vez que o número romano C indica "100". Assim, muitos prescritores antigos rotulavam suas potências 200c como "2C" (Winston, 1999).
Ao final de sua vida, Hahnemann teria usado soluções terapêuticas diluídas sucessivamente 200 vezes, sempre intercaladas por agitações, que ele denominou de sucussões.
A AGITAÇÃO
Em Doenças Crônicas – portanto, antes da 6a. edição do Organon - lê-se:

"... Então 1 grão é dissolvido em 99 partes iguais de água e álcool, e dinamizado através de 27 frascos, com 2 sucussões." (Hahnemann, 1989)


Parece claro que Hahnemann aplicou 2 agitações às suas soluções, depois 10, testou um número maior quando criticado, e percebeu que ao aumentar o número e a força de sucussões, a violência da ação da solução aumentava demasiadamente. Posteriormente, sentindo necessidade de usar quantidades ainda menores de substância medicinal, aumentou a razão da diluição para mais do que 1 para 50.000 a cada passo de dinamização, criando o que chamou de "meu melhor método de dinamização". Nesta época inseriu também um maior número de agitações, passando para "100 fortes sucussões".
Uma vez que o processo "dinamização" é composto pelas operações de diluir e de agitar, sempre se acaba considerando a agitação aplicada após ou concomitantemente com a diluição. Isolando o procedimento da diluição, pode-se classificá-lo como manual - quando os movimentos são efetuados segurando o frasco com as mãos e golpeando-o contra um anteparo semi-rígido (Hahnemann teria usado um livro com capa de couro), ou mecânico – quando se usa algum meio para efetuar a agitação. Há os defensores da agitação manualE, que acreditam que se possa contribuir, com nossa "energia pessoal" (expressão difícil de definir) para a melhor qualidade do medicamento dinamizado. Este argumento é contestado por outros que respondem que, caso esta "energia pessoal" possa influenciar e ser favorável, deve-se também imaginar a situação em que ela seja desfavorável à eficácia do medicamento.
Outras considerações passíveis de afetar a agitação apresentam características que poderíamos classificar como mecânicas (número de sucussões, amplitude do movimento, intensidade do impacto contra o anteparo, espaço disponível no interior do frasco para agitação do líquido ou peso do frasco) ou físico-químicas (densidade do líquido, temperatura ambiente, composição da atmosfera dentro do frasco).
Ao longo de sua história, Hahnemann variou o número de agitações a que submeteu suas diluições. Não há descrição em relação à amplitude do movimento. Em relação à força, encontram-se citações sobre "sucussões" na obra Doenças Crônicas, passando, na 6a. edição do Organon, para "fortes sucussões", porém não há uma clara mensuração desta força. Em relação ao espaço disponível, Hahnemann estabeleceu entre metade a 1/3 do frasco vazio (Hahnemann, 1985; Hahnemann, 1989).

Quando Hahnemann descreveu o preparo do medicamento na 6a. edição de seu Organon, teve o cuidado de quantificar, através do número de gotas, um volume bastante pequeno (100 gotas de álcool forte, isto é, cerca de 2 mL) de líquido a ser agitado. Como já havia determinado que o conteúdo não deveria ser menor do que metade do frasco, fixou o uso de pequenos frascos, aos quais era possível aplicar uma força bastante grande através do uso de "100 fortes sucussões" (Hahnemann, 1995).
O líquido agitado é composto por soluções de água e etanol, com sua densidade variando entre 0,8 e 1g/l. Há poucas referências a influências exercidas pela temperatura (e neste caso mais sobre inativação da ação das dinamizações), e ainda um estudo sobre dinamização efetuada em atmosfera de Nitrogênio (Poitevin, 1994).
Mesmo quando aumentou de 2 agitações para 100 fortes sucussões, Hahnemann agitava os frascos manualmente. Mas desde a época em que ele era vivo, sempre houve a tendência a realizar o trabalho com o auxílio de máquinas. Alguns autores da sua época, que viviam o tempo da Revolução Industrial, começaram a se perguntar até que potência o efeito das soluções agitadas poderia existir e a estender a dinamização por muitos passos, assim como a buscar soluções mecânicas para realizar os trabalhos de diluir e agitar, ou pelo menos de agitar. Com a tendência de se usar 100 sucussões também para as centesimais, como ocorre atualmente em nosso país, assim como com a disseminação da ocorrência de doenças relacionadas a esforços repetitivos, provavelmente ligadas ao extenso uso de computadores, somando-se ainda o momento de busca de padronização de técnicas, percebe-se uma tendência ao uso de máquinas chamadas de "braço mecânico", isto é, que realizam os movimentos mais semelhante possível aos humanos. Há produção de equipamento nacional (Autic). É importante salientar que diversos homeopatas, de acordo com sua formação, consideram que o método hahnemanniano deixa de sê-lo quando se utilizam dinamizadores de braço mecânico, ainda que sejam realizadas diluições centesimais seriadas, alternadas por agitações.
Na Europa utiliza-se equipamentos que mais propriamente vibram os frascos, semelhantes aos usados em consultórios dentários para homogeneizar misturas, como os produzidos pela empresa belga Labotics e comercializados no hemisfério norte (Europa, Estados Unidos, Canadá e Japão).
Percebe-se que quando comparamos agitações manuais ou mecânicas, diversas variáveis estão presentes, fazendo com que a agitação aplicada sobre as soluções diluídas através do método centesimal hahnemanniano não possam ser consideradas como padronizadas, quando comparamos dinamizações produzidas por diferentes operadores, farmácias ou laboratórios.
MÉTODO CINQUENTA MILESIMAL
Hahnemann também parecia se importar com o estabelecimento de certas regras, de forma que pudesse obter medicamentos confiáveis, que fossem responsáveis por efeitos em seus pacientes. Começou extraindo plantas exóticas e secas, ou nativas e frescas, através de extrações alcoólicas (tinturas). Utilizou sucos de plantas quando estas eram suculentas e disponíveis em seu estado fresco. Provavelmente percebeu que, variando o solvente, conseguia extrair frações variáveis da planta. Com os árabes, teve a idéia de triturar todas as substâncias, minerais solúveis ou insolúveis, vegetais ou animais frescos ou secos, tudo passou a ser amassado com lactose, dentro de um gral de porcelana.

"Colocar 1 gota do suco com a mesma quantidade de lactose anterior, triturando até a milionésima. Então 1 grão é dissolvido em partes iguais de água e álcool, e dinamizado através de 27 frascos, com 2 sucussões. A experiência me mostra que o suco parece adquirir mais dinamização quando triturado". (Hahnemann, 1989).


Desta maneira, desconcentrando a matéria com auxílio de um pó que considerou como inerte, e agitando-a através do movimento do pistilo, passou a aproveitar todos os componentes das substâncias que buscava utilizar como medicamento. Não dependia mais da solubilidade de determinados princípios ativos em diferentes teores alcoólicos, além de observar resultados mais interessantes (A experiência me mostra que o suco parece adquirir mais dinamização quando triturado). (Hahnemann, 1989)

"Para produzir uma homogeneidade na preparação dos medicamentos homeopáticos, e especialmente os antipsóricos, ao menos na forma de pó, aconselho a reduzir apenas à milionésima potência e preparar, a partir desta, as soluções e as potências necessárias para estas soluções". (Hahnemann, 1989)


Após 3 triturações na proporção de 1:100 de lactose, o produto deveria ser diluído em uma solução de baixo teor alcoólico (0,06g de pó em 500 gotas de uma solução preparada com 4 partes de água e 1 parte do álcool considerado como "forte"). A partir desta solução, nova diluição (1 gota em 100 gotas de "álcool forte") seguida de 100 "fortes sucussões", padronizadas por ser executada sempre por ele próprio).
OUTROS MÉTODOS DE DINAMIZAÇÃO NÃO-HAHNEMANNIANOS
ESCALA DECIMAL
É atribuída a Hering a disseminação da idéia de usar substâncias diluídas na razão de 1:10 e não mais de 1:100. Winston afirma que:
"Em 1833, Hering começou a experimentar diluições na proporção de 1:10. No final da década, tanto Samuel Dubs, nos Estados Unidos, quanto Vehsemeyer, na Alemanha, começaram a produzir medicamentos nesta escala. As potências americanas foram indicadas por um "X", o numeral romano para "10", enquanto que as potências européias receberam a notação "D" para decimal – 3X ou D3." (Winston, 1999)
Percebe-se ainda hoje grande participação das potências decimais, especialmente no mercado dos chamados "complexos", isto é, mistura de dinamizações, geralmente em baixa potência. Considerando que a proporção da diluição é bem menor no caso das decimais, entende-se a solicitação de uma 1a. decimal, que não tem equivalente entre as centesimais, porém é difícil compreender a necessidade de uma prescrição D60, por exemplo. Nada se pode afirmar sobre sua eficácia ser maior ou menor do que uma centesimal. Tampouco faz sentido calcular equivalência matemática, já que não há moléculas em soluções tão diluídas.
Aliás, a proibição da equivalência de escalas, observada na Farmacopéia Homeopática Brasileira, nos lembra que a edição anterior possibilitava este procedimento. Na 1a. edição, recomendava-se a realização de 10 sucussões para decimais, e 20 para centesimais. Desta maneira, a intenção seria de propor uma equivalência entre uma D4 (diluída a 10 –4, recebendo no total 4 vezes 10 sucussões, ou seja, 40 sucussões) e uma C2 (diluída também a 10 –4, recebendo porém 2 vezes 20 sucussões, e portanto as mesmas 40 sucussões da decimal). Parece correto afirmar que duas soluções, diluídas em um diferente número de vezes, em diferentes proporções e agitadas – ainda que no total um mesmo número de vezes – quando em diferentes concentrações, não devem ser consideradas como equivalentes em suas ações terapêuticas, antes da realização de provas mais definitivas.
As farmácias brasileiras não dispõem da mesma amplitude de estoque de dinamizações na escala decimal, quanto em centesimal. Outra dificuldade é a obtenção das formas farmacêuticas básicas, porque quando uma farmácia dispõe da tintura-mãe, é fácil dinamizá-la diluindo a 1% ou a 10%, porém no caso do processo iniciar-se através de triturações, se elas forem centesimais, não há mais como transformá-la em decimal, a não ser conseguindo novamente a substância de origem, o que normalmente não está ao alcance das farmácias. Assim, podemos dizer que muitas se recusam a dispensar prescrições em decimal.
A tendência atual, e proposta pela farmacopéia, é a realização do mesmo número de sucussões, isto é, 100, para todas as soluções, sejam diluídas na razão centesimal, seja na decimal. Assim, é possível que os resultados clínicos se afastem ainda mais, requerendo pesquisas que possam confirmar esta possibilidade.
KORSAKOV
Vivendo na época de Hahnemann, Korsakov, um nobre do exército russo, foi apresentado à terapêutica homeopática através do sucesso do tratamento realizado em si próprio. Interessou-se pelo método e o introduziu em seu país. Como pioneiro, tinha necessidade de preparar seus medicamentos, e percebendo dificuldades de se locomover carregando consigo um grande número de frascos necessários para realizar dinamizações, propôs a Hahnemann o uso de apenas um, que seria enchido, agitado, esvaziado e novamente enchido. Hahnemann considerou seu método interessante, porém estava interessado em outros caminhos. Korsakov experimentou os medicamentos produzidos através de sua técnica, obtendo resultados positivos.
Medicamentos dinamizados pelo método Korsakov são diluídos na escala centesimal, ainda que a precisão possa ser menor do que no método centesimal hahnemanniano. O método é pouco solicitado em nosso país e são poucas as farmácias que o preparam. Para a agitação, são usadas 100 sucussões, que são manuais ou feitas através de dinamizador de braço mecânico.
Pode-se usar uma balança para quantificar o resíduo que sobra após cada vez que se esvazia o frasco, aumentando a precisão. Esta aferição pode nos trazer confiança de que as variações sobre a diluição podem ser limitadas, talvez semelhantes às do processo hahnemanniano realizado com cânulas. A diferença maior reside no fato de que no processo de Hahnemann, retira-se uma parte de uma solução já dinamizada, que é colocada em um novo frasco limpo, com 99 partes de uma solução hidroalcoólica inerte. Já no método do russo, coloca-se 99 partes de uma solução hidroalcoólica inerte sempre no mesmo frasco, que já contém um resíduo anterior de solução dinamizada. Muitos criticam este processo afirmando que no frasco único utilizado se encontra uma mistura de diversas dinamizações diferentes, desde a inicial até a final. Porém se imaginamos que a cada adição de nova solução hidroalcoólica há uma homogeneização com o resíduo, vai ocorrer uma transformação da solução que resta no frasco, e não uma mistura que contém diversas dinamizações. Provavelmente o fato de não usarmos frascos novos a cada vez torne as soluções dinamizadas por cada método diferentes entre si, passíveis de levar a mesma substância a resultados clínicos distintos.
Na década de 60 houve uma restrição de métodos e potências na França: só podiam ser produzidas potências em método hahnemanniano até 30CH. Em 1993, por necessidade de harmonização na União Européia, houve um Colóquio sobre Korsakovianas, em Paris, e estas potências voltaram a ser liberadas (Tetau, 1993).
Jack Hendrickxs, da empresa belga Labotics, construiu um dinamizador mecânico que utiliza o princípio de Korsakov com uma ligeira modificação: o frasco é enchido e agitado através de cerca de 300 movimentos rápidos, de pequena amplitude. Em seguida ocorre a entrada de ar no frasco, fazendo com que o líquido contido em seu interior seja expulso e reste apenas 1% do volume inicialmente adicionado. Após, uma nova quantidade de líquido entra no frasco, que é agitado e novamente esvaziado. O equipamento deve ser ajustado para realizar esta operação tantas vezes quantas desejemos, e ao final, a solução obtida é coletada, sendo então realizado um passo através do método de dinamização hahnemanniano, em solução hidroalcoólica, para conservação da solução, que recebe a notação relativa ao número de vezes em que o frasco foi enchido-agitado-esvaziado. Desta maneira, se isto ocorreu 200 vezes, a solução será chamada de 200K. Ainda que a FHBII estabeleça que o método Korsakov seja iniciado a partir de uma trigésima centesimal hahnemanniana (30CH), o russo estabeleceu que seu método fosse feito a partir da substância inicial e diversas referências bibliográficas mostram que assim ocorre em grande parte dos países onde o método é utilizado. Por questões econômicas, o processo mecanizado pode ser feito, aos poucos, com o uso de 2000 litros de água purificada, até atingir soluções que chamamos de 100.000K. Podemos também chamar a atenção para o fato do ser usada apenas água purificada, e não solução hidroalcoólica, habitual para os métodos mecânicos, que consomem grandes quantidades de diluente.
Surgem novas perguntas: além da possibilidade de fazer agitações manuais ou em máquinas, haverá alteração trazida pelo fato da diluição ser realizada apenas em água ou em solução hidroalcoólica? Qual a diferença entre um medicamento dinamizado 30 vezes pelo método hahnemanniano e a partir daí em método de Korsakov, e outro feito em Korsakov desde o início? Considerando que todas as dinamizações, sejam as feitas só em água, ou em solução hidroalcoólica, assim como a partir de 30CH ou Korsakov desde o início, tenham efeitos terapêuticos, será que haveria um resultado "melhor" em um caso do que em outro? Alguma dinamização "funcionaria melhor" do que outra?
AS MÁQUINAS DE DINAMIZAR E O EQUIPAMENTO DE FLUXO CONTÍNUO USADO ATUALMENTE NO BRASIL
Já Hahnemann se perguntou "até que diluição a substância apresentaria um efeito?" Jahr afirmou que "quanto maior a dinamização, mais fortemente e mais rigorosamente desenvolver-se-iam as propriedades individualizantes da droga." Foi natural que diversos homeopatas se perguntassem qual seria a ação de dinamizações mais e mais elevadas, e, vivendo em época da Revolução Industrial, sentissem a necessidade de buscaram inovações, geralmente mecânicas, para produzi-las.
Após a morte de Hahnemann, cada autor que desenvolvia um método de dinamização procurava também justificativas elaboradas para proteger seu método. Todos defendiam que seguiam rigorosamente o trabalho de Hahnemann. Skinner, por exemplo, escreveu:

" Pode-se dizer que potências elevadas não são o que representam ser, porque o método não é o de Hahnemann em detalhes. Isto não pode ser dito sobre as diluições de Boericke, Jenichen, Dunham, Lippe e as minhas, que são feitas pelo processo que o próprio Hahnemann, se pudesse vê-lo, iria aprová-lo, porque todos os pontos essenciais são escrupulosamente observados e muito melhorados, com economia de tempo; o erro é praticamente impossível, tão perfeitos são os métodos empregados."


Dunham foi um dos primeiros a mecanizar o processo de dinamização e acreditava que o uso de grande força levaria a melhores resultados. Colocou frascos na extremidade de toras de carvalho com 5,5m de comprimento, e com auxílio de um moinho de água, promovia um movimento oscilante que levanta e deixava cair até 120 frascos, de uma altura de 50cm. A força aproximada, de cerca de meia tonelada, era muito maior do que a possível de ser efetuada por um braço. Usou 125 batidas para fazer cada passo de dinamização. Suas potências 200D (de Dunham) demoravam 1 semana para ser dinamizadas e foram usadas por muitos médicos americanos (Winston, 1999).
Jenichen, por exemplo, considerava que a sucussão era a fase mais importante do processo e que cada 12 sucussões aumentava um grau de potência, conceito que teria sido o responsável pela introdução (Winston, 1999).
O alemão Boericke foi para a América e tornou-se assistente do livreiro Tafel. Hering sugeriu que, além de livros, vendessem também medicamentos durante cursos e congressos. Boericke acabou se formando homeopata e fundaram o laboratório Boericke & Tafel. Desenvolveu uma máquina que promovia diluições centesimais que eram agitadas 5 vezes, fazendo 100 potências por minuto (Winston, 1999).
Bernhardt Fincke usou potências preparadas segundo diversos métodos, como partir de korsakovianas 30K e sucussionar 180 vezes com determinado ritmo. Patenteou seu processo, que denominou de "fluxão". Neste, colocava uma potência 30CH em frasco de 30mL e por ele passava um fluxo de água contínuo. A cada 30mL de água, dizia que a potência aumentava de um grau. Na potência desejada, o frasco era esvaziado, enchido com álcool e sucussionado 2 vezes. Além de dinamizar usando só a passagem de água através de uma dinamização inicial, usava água de torneira, pois considerava que "uma trigésima já foi tão dinamizada que não pode ser destruída por nada químico ou físico, uma vez que possui natureza diferente" (Winston, 1999).
Winston relata que Robinson, em 1941, escrevia sobre a apreensão causada naqueles que viam na proposta de Fincke "um distanciamento radical de tudo que era aceito como parte indispensável no processo de dinamização. Porém, é fato que estas máquinas tornaram-se realidade e os relatos de sua aplicação clínica são uniformemente satisfatórios". Kent e Dunham documentaram o uso destas potências. Skinner afirmou que uma vez que o frasco estivesse profundamente penetrado pelo medicamento, e supondo que o processo de atenuação seja infinito, seria impossível "lavar" as propriedades medicinais, com água fria, pois seu poder terapêutico seria muito aumentado, e que apenas o calor poderia romper aquela cadeia, que ele atribuiu a um poder espiritual (Winston, 1999).
Acreditando que a sucussão não era importante, preparou Sulphur partindo de uma gota de tintura e um frasco de 60mL, que encheu lentamente com água. Esvaziou-o sem agitar e encheu-o novamente. Após fazer isto 1000 vezes, usou esta preparação em um paciente "Sulphur", dando a ele uma dose. Relata que a ação foi tão poderosa que teve que ser antidotada. Acreditava que suas potências, defendidas por Kent, eram hahnemannianas verdadeiras.
Swan fazia com que a água passasse através de um aparato perfurado, como um regador, para "causar uma perturbação mais violenta do que a sucussão".
Desconhece-se o equipamento de Allen, mas o ponto de partida era uma potência CM de Kent. Foi usado por Ehrhardt & Karl, de Chicago, para fazer potências denominadas DM a DMM (500.00 a 500.000.000). Segundo consta, diversas ainda estão em uso. Arturo Mendez comprou algumas altíssimas potências desta empresa, e as revendeu para farmácias brasileiras. Portanto, podem existir até no Brasil.
É importante lembrar que a escala de potências prescritas por Kent, isto é, 30, 200, M, 10M, 50M, 100M, 500M e MM, requeria o uso de dinamizadores mecânicos. Kent não teve contato com a 6a. edição do Organon e não conheceu as cinquenta-milesimais.
Winston sugere que para melhor identificar as dinamizações, a sugestão seria denominá-las com o nome da substância, a potência e o método, atrelado ao fabricante da máquina de dinamizar, como se encontra em antigas referências (exemplos: um papel de Belladonna CM Fincke; Bryonia alba 30 B&T; Baptistia 8MM (Swan); papel Sanicula 10M Tyrell)
O tempo passou. Nos Estados Unidos houve o declínio da homeopatia. Na Europa, até a década de 60 os franceses usavam equipamentos mecânicos para produção de potências mais altas. Uma dessas máquina foi adquirida pelo então Laboratório Homeoterápico. O farmacêutico argentino Arturo Mendez após conhecê-la em uma visita, passou a produzir uma similar que foi adquirida por brasileiros durante as aulas que ele na época ministrava em Curitiba e São Paulo. Este dinamizador, conhecido como modelo de Lock, promove uma diluição contínua de uma substância inicial, com agitação simultânea, promovida por uma pá. Os médicos professores argentinos foram responsáveis por estimular seu uso, fazendo que posteriormente, a partir deste modelo, surgissem fabricantes nacionais.
Mendez afirmou que

"O sistema não é perfeito do ponto de vista hahnemanniano e não deve ser com ele comparado. Porém, na prática, está demonstrado seu valor terapêutico, através do uso por parte de médicos homeopatas argentinos e brasileiros. A experiência clínica no ser humano deu seu veredicto positivo. O sistema é válido." (Mendez, 1986)


Uma vez que os dinamizadores de Fluxo Contínuo passaram a ser produzidos no Brasil, tornaram-se acessíveis para um maior número de farmácias. Uma pesquisa realizada pela ABFH mostrou que várias técnicas eram utilizadas para produzir as potências com o mesmo equipamento: câmara vazia, câmara cheia e "micro-gota". Textos com o objetivo de padronizar a técnica foram publicados no Manual de Normas Técnicas da ABFH e na 2a. edição da Farmacopéia Homeopática Brasileira. Particularmente o texto da Farmacopéia inviabiliza economicamente a dinamização de potências altíssimas. Existem nas farmácias brasileiras dinamizações preparadas de maneira diversa e muitas vezes desconhecida até mesmo por seus proprietários, que as adquiriram no mercado nacional ou internacional. A 3a. edição do Manual da ABFH, recém publicado, trouxe a proposta votada na última assembléia geral: uso de 100 rotações por passo e a adoção de 2 critérios para cálculo e uso do dinamizador de Fluxo Contínuo: troca de solvente em função do volume da câmara até a 50.000 FC e da técnica da micro-gota apenas a partir desta potência. Foi uma escolha determinada pela opinião da maioria dos sócios da ABFH, ainda desconhecida por parte dos que vão prescrever as dinamizações para os pacientes (ABFH, 1995; ABFH, 2003).
Seja qual for a técnica, o equipamento ou o método utilizado, em resumo podemos afirmar que o preparo das altíssimas potências só pode ser feito com auxílio de dinamizadores mecânicos. Requer grande consumo de água purificada e consequentemente de energia elétrica, especialmente se a água for purificada por meio de destilação. O fato da farmacopéia não aceitar o uso da técnica da "micro-gota", que possibilita a diminuição deste consumo, pode diminuir a oferta das potências mais altas, solicitadas e utilizadas com êxito há décadas, por uma parte dos clínicos homeopatas, especialmente os que seguem Kent.
DISCUSSÃO
Após apresentar os diversos métodos e escalas de dinamização, considerando que nenhuma delas tenha sido completamente abandonada ao longo dos anos, podemos concluir que, de alguma maneira, todas sejam passíveis de apresentar resultados clínicos, caso contrário já deveríamos saber de sua inércia terapêutica. Mas haveria um "funcionar melhor" a ser atingido pelos medicamentos?
Se considerarmos que tanto uma simples diluição, quanto a simples agitação não aumentam a ação de uma substância, podemos seguir afirmando que a "mágica" da dinamização ocorrem quando estas duas operações acontecem de maneira consecutiva ou simultânea. Pensando apenas em uma solução 30CH, por exemplo, cuja dinamização foi realizada através do método hahnemanniano tradicional, com o uso de 30 frascos, vamos imaginar um situação hipotética: diluímos esta solução. A 1%, vamos dizer. Como ela foi diluída, podemos considerar que ela vai "perder sua ação". Talvez que ela vá "perder sua força". De uma maneira lúdica, podemos imaginar que ela "ficará fraquinha". Se agora começarmos a agitá-la, se fizermos isto 100 vezes, ela voltará a ser ‘forte", passará a ser uma 31CH, portanto, segundo os princípios homeopáticos, "mais forte" do que a solução anterior, 30CH. Uma pergunta curiosa seria "quando aconteceu esta mágica? Quando a solução "fraquinha" se transformou, através de agitações, em uma "mais forte" do que a anterior? A partir de que número de agitações? 100? Impossível, se Hahnemann usava 2 ou 10 em suas centesimais. E se tampouco padronizamos como estas agitações devem ocorrer. E se fizermos 100 agitações, o efeito torna-se maior? Isto pode ser traduzido por "melhor", clinicamente? Dependeria da necessidade do paciente, se nos lembrarmos novamente de Hahnemann? Há alguma alteração especial em torno do número 100? Continuam ocorrendo alterações indefinidamente? Se nos lembrarmos das cinquenta-milesimais, percebemos que para um paciente de doença crônica, é recomendação usual uma administração do medicamento ao dia, durante 1 a 2 semanas, sendo que ela deve ser precedida de 8 a 12 agitações feita ao frasco. Como esta solução foi preparada a partir da solução de um glóbulo, Hahnemann estaria recomendando em torno de 100 agitações (10 agitações ao dia, durante em média 10 dias), antes da troca para a próxima potência. Por isto a pergunta: alguma alteração especial na solução ocorreria em torno de 100 agitações (sem considerarmos mais detalhes do movimento), que não seguiria indefinidamente, levando à necessidade do preparo de uma nova solução antes de que novas agitações a alterasse?
Se passarmos a considerações sobre a "mágica" da dinamização para uma potência que foi obtida através do método de Fluxo Contínuo, onde a diluição e a agitação ocorrem simultaneamente, podemos pensar que só veremos o resultado final da "mágica" depois de desligarmos o equipamento e retirarmos a solução da câmara de dinamização. Diluições feitas em diferentes proporções, assim como agitações realizadas em diferentes tempos levariam possivelmente a efeitos clínicos diferentes.
E como considerar propostas de potencialização realizadas apenas por diluições, seguida por alguns minutos de repouso? Neste caso, segundo Vieira, a agitação seria apenas aquelas do movimento browniano das partículas. Voltamos à discussão entre o que seria mais importante: diluir ou agitar? Ou ambos? De maneira consecutiva ou simultânea? (Vieira, 2000)
Em palestras realizadas em 2002, em São Paulo, Madeleine Bastide citou trabalho de Oberbaum, de Israel, que estudou a cicatrização de lesões provocadas por brincos metálicos em orelhas de ratos, com Silicea. Tanto as potências 30 como 200CH mostraram resultados equivalentes. Este resultado poderia contrariar os homeopatas que afirmam que seus pacientes respondem a uma potência, e não a outra do mesmo medicamento.
De qualquer maneira sempre é bom lembrar que pesquisas experimentais requerem repetições, que devem ser reprodutíveis, e mesmo assim, os resultados devem ser possíveis de serem transpostos para observações clínicas realizadas em pacientes humanos.
Interessante lembrar ainda que diversos pesquisadores vem utilizando um "pool" de potências vizinhas, e não testando apenas algumas potências escolhidas (como a 6, 12, 30 ou 200, por exemplo), pois argumentam que a ação das substâncias não seria diretamente proporcional às potências, mas antes apresentaria um comportamento que graficamente pode ser descrito como uma curva do tipo "sobe e desce, sobe e desce". Desta maneira, usando uma mistura de 4 a 5 potências vizinhas (por exemplo, uma solução das potências 28 a 32CH, e não uma 30CH) seria maior a garantia de contar com ao menos uma potência de ação máxima.
Tanto o resultado de Oberbaum quanto o uso do "pool" nos fazem refletir sobre os limites das potências que dinamizamos, mas tornamos a lembrar que os resultados clínicos em humanos são mais importantes do que pesquisas experimentais, que nos dão indicações que devem ser confirmadas pela cuidadosa observação clínica.
Na ocasião de sua visita a Sâo Paulo, Bastide afirmou que parece conclusivo que as diluições dinamizadas:
  • apresentam efeito diluição-dependente, o que não é igual a efeito dose-dependente;
  • seu efeito pode atravessar o vidro, podendo também ser transmitido ou suprimido por campos eletromagnéticos (Bastide, 1997).
Benveniste afirmou que potências produzidas – mesmo que através de agitadores mecânicos – por diferentes pesquisadores, poderiam produzir resultados diferentes. Utiliza em pesquisas tanto dinamizações tradicionais, como outras preparadas através da transmissão de campo eletromagnético para água pura, lacrada dentro de uma ampola. Ao testar esta água, a ação da substância molecular se repetiria. Além disto, ao transformar a ação de uma substância diluída em sinal eletromagnético, é possível inseri-lo em computadores. Afirma ele que da mesma maneira "que uma gravação da voz de uma cantora não é igual a ouvir a cantora ao vivo, pode reproduzir muito fielmente sua voz". Assim, é possível gravar e enviar sinais à distância. No futuro, prevê, será possível obter, através de arquivos, os sinais correspondentes às freqüências necessárias para o tratamento de determinado indivíduo. Poderemos expor água a estas freqüências, e tratar desequilíbrios à distância.
Afirmações como a destes pesquisadores nos inquietam ainda mais os pensamentos. Alguns homeopatas consideram que o conceito de dose, como uma quantidade de determinada potência, deve ser aplicado também para homeopatia. Outros consideram apenas cada administração da potência, tratando-a como um "estímulo" não quantitativo. Quanto a atravessar o vidro, podemos imaginar as conseqüências de nossas matrizes guardadas em um mesmo armário e mesmo nas farmácias? E como garantir que as soluções homeopáticas mantenham sua atividade, se sujeitas a campos eletromagnéticos, cada vez mais comuns em nossos ambientes, provenientes do largo uso de computadores, celulares e equipamentos elétricos e eletrônicos?
Existem tantas dúvidas sobre as dinamizações pendentes do passado e possibilidades futuras já se abrem à nossa frente, seja com as dinamizações tradicionais, seja com sua tradução eletrônica, e com todas as conseqüências que tão rapidamente tem ocorrido. Medicamentos dinamizados, usados de acordo com a lei da semelhança, são ativos e podem ser eficazes para tratar pessoas com vantagens sobre os medicamentos da farmacologia clássica. Para que a homeopatia possa evoluir para o futuro, de maneira sedimentada e forte, é necessário que nos esforcemos rapidamente na busca de respostas.
CONCLUSÕES
Há vários trabalhos que demonstram, de maneira inequívoca, a ação de soluções dinamizadas, que podem ser utilizadas, de acordo com a lei da semelhança, no tratamento, seja de indivíduos, seja de populações, de humanos, de animais diversos, e até mesmo de vegetais. Neste texto foram abordados diversos aspectos relativos ao preparo de medicamentos homeopáticos, realizado de maneira magistral em nosso país, visando a melhor compreensão dos homeopatas que os prescrevem. Foram discutidos diversos aspectos pouco conhecidos, para suscitar curiosidade e interesse, demonstrando a necessidade da realização de mais pesquisas, através da união de homeopatas clínicos e farmacêuticos, assim como pesquisadores de várias áreas. Esperamos ter contribuído para o entendimento do processo, assim como da necessidade deste conhecimento para os homeopatas em geral.
Jeremy COLLIER, citado por W.W.Robinson, afirmou:

"Não devemos desprezar verdades evidentes, só porque não podemos responder a todas as questões sobre elas... Isto se aplica evidentemente a um pequeno grupo de médicos que sustenta firmemente que há um tremendo poder terapêutico nas altas atenuações. Relegada à obscuridade, esta idéia tem permanecido como um gigante adormecido que deve ser despertado." (Winston, 1990)


Nota de rodapé

Durante o congresso da Liga Médica Homeopática Internacional, realizado no Rio de Janeiro, em 1986, Mendez apresentou uma variação conhecida como "técnica da micro gota", onde reduzia o volume inicial da potência de partida, e fazia as trocas considerando este volume inicial reduzido: a troca passou a ocorrer não em função do volume da câmara, mas sim do volume de dinamização inicialmente adicionado à câmara. Esta alteração possibilitou a obtenção de altíssimas potências, especialmente acima de MM (Mendez, 1986).

BIBLIOGRAFIA
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- Associação Brasileira de Farmacêuticos Homeopatas (ABFH). Manual de normas técnicas para farmácia homeopática. 3a. ed., Curitiba, 2003.
- Autic. Catálogo técnico, Campinas. Dinamizador de fluxo contínuo.
- Bastide, Madeleine, ed. Signals and images. Dordecht, Kluwer, 1997.
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- Farmacopéia Homeopática Brasileira. 2a. ed. São Paulo, Ateneu Editora, 1997.
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- Hahnemann, Samuel. Organon der Heilkunst. Organon da arte de curar 6a. ed. Tradução de Edméa Marturano Villela e Izao Carneiro Soares. Ribeirão Preto. Museu de Homeopatia Abrahão Brickmann. 1995.
- Holanda, Aurélio B – Novo Aurélio, Dicionário da lingua portuguesa. Edição eletrônica http://www2.uol.com.br/aurelio/
- Kayne, Steven B. Homoeopathic pharmacy: an introduction and handbook. Edinburgh, Churchill Livingstone, 1997.

- Mendez, Arturo. Dinamizador Fluxion Continua. 41th. Congress of the Liga Medicorum Homoeopathica Internationalis, Rio de Janeiro, Brasil, 1986.
- Poitevin, Bernard. Mecanismo de ação dos medicamentos de uso homeopático. Dados recentes e hipóteses. 1a. parte: mecanismos físico-químicos. Revista de Homeopatia (São Paulo), 59:1, pp. 24-30. 1994.
- Tetau, Max. La prescription korsakovienne. Paris, Similia, 1993.
- Vieira, Gilberto R. Homeopathic remedy and brownian motion. 55th. Congress of the Liga Medicorum Homoeopathic Internationalis, Budapest, Hungary, 2000.
- Winston, Julian. História das máquinas de dinamizar. Revista de Homeopatia (São Paulo), dez. 1990.
- Winston, Julian. The faces of homoeopathy, an illustrated history of the first 200 years. Tawa, New Zealand, Great Auk Publishing. 1999.

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